Tom
Minha alegria era esperar pelo fim do dia, sentar na
cadeira que rangia do bar e encontrar meu bom e velho amigo Tom. Ele sempre
estava lá quando eu chegava, o cabelo bagunçado, os olhos vagos olhando para
lugar nenhum, olhando para dentro de si, com os ombros caídos, cansados,
esperando que o dia acabasse, assim como eu esperava que o dia acabassem
também. Sentava ao seu lado, nos cumprimentávamos rapidamente e fumávamos um
cigarro. Gastávamos o fim da tarde sem dizer nada, apenas compartilhando o
cansaço da vida, em silêncio, brincando com a fumaça do cigarro. Era quase como
paz. Por alguns minutos. Ele pensava na
vida e eu pensava nele.
Ao anoitecer, eu o abraçava e íamos embora. O abraço era
quase como um agradecimento pela companhia e, secretamente, um pedido
silencioso para que ele não fosse. Mas ele sempre ia, eu o via indo. Ele nunca
olhava pra trás.
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