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"Havia uma possibilidade em
sete bilhões de ser ela. E foi. Aconteceu com ela. Por quê? O que ela tinha
feito para merecer? Por que ela?"
Após escrever e finalmente
conseguir dar início a sua história,
Alice levantou e deitou-se no sofá. Pensou no que escreveu. Pensou e se sentiu extremamente egoísta.
Por que, afinal, não seria
ela? Por que teria que ser outro alguém? Achou que se julgava especial por
pensar assim - mas tinha convicção de que não o era. O que havia de diferente entre
ela e qualquer outro, que somente ela não poderia sofrer? Ela e aquela senhora
ao seu lado no ônibus tinham a mesma chance, naturalmente, de sofrer e de
sorrir. Chance não. Tinham o direito (porque nem todos tem realmente a chance).
Sofrer não a fazia infeliz nem distante de qualquer outro ser.
Levantou-se, riscou novamente
o que havia escrito e, como se não bastasse, amassou a folha. Escreveu:
"Assim como todos os
outros, assim como qualquer outra pessoa, Nina teve sua chance de sofrer. E
sofreu."
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