O tempo não vai esperar você sonhar
Eu tenho uma mania engraçada de olhar para as pessoas e
imaginar como é o mundo de cada uma delas. Eu observo seu rosto, seu corpo,
seus olhos e a maneira como se veste e anda. A maioria entre todas essas
pessoas tenta parecer normal, com sua cabeça erguida sem deixar escapar
qualquer denuncia de dor. Porém, quando as imagino, eu consigo ver um passado
assombrado, com lágrimas e dores, desafios e armadilhas que a vida lhe pregou.
Como aquela moça sentada na última cadeira do ônibus, por
exemplo, com a cabeça encostada na janela, ouvindo alguma música no seu fone de
ouvido, usando óculos escuro deixando incapaz ver seus olhos. Imagino que ela
já amou alguém e não foi correspondida, mas aquilo não chega a doer tanto
quanto ver seu pai, um homem já vivido de cabelos brancos, deitado em uma cama
branca do hospital próximo a sua casa, tão próximo de ir embora pra sempre. A
música que ela está ouvindo a traz algumas lembranças boas, como quando ela era
criança e seu pai comprou a bicicleta que era tanto queria, ou poderia até ser
imagens voando soltas em sua mente sobre aquela tarde bonita que passou com
Benjamim e nem sonhava em se apaixonar por ele como agora.
E então entra um rapaz alto e bem vestido, com uma camisa
branca e gravata preta, com os cabelos alinhados e arrumados. Ele caminha pelo
ônibus sem dar atenção a ninguém e parece aquele típico riquinho metido, até
que ele pega o celular antigo no bolso e, após digitar alguns números, ele
sussurra “Querida, estou voltando pra casa, consegui arrumar um emprego. Fique
tranquila e vá deitar, cuide bem do nosso bebê”. E, em um piscar, ele passou do
riquinho metido para o pai feliz por ter conseguido.
Vai passando gente, indo e vindo o tempo todo, e eu fico
aqui sentada vivendo a vida de cada uma delas. Eu fico apenas imaginando e
esqueço-me de conhecê-las. Eu fico aqui inventando historia e esqueço-me de
construir a minha. Deixo de viver quando vivo as outras pessoas. Deixo de amar
quando amo alguém criado por mim, para ser o par perfeito de uma desconhecida.
Então me lembro de que preciso parar de sonhar e viver mais um pouco, preciso
parar de imaginar planos e finalmente cumpri-los. Preciso largar a caneta e o
papel e, ao invés de criar romances, deixar a vida criar um para mim.
Caraaaaaaaaca, fazia tempo que eu não lia um texto e pensava que eu poderia muito bem tê-lo escrito. Me identifiquei demais, até me deu uma vontade de chorar. KKK Muito, muito lindo! E o seu blog então? Todo fofo. Parabéns, viu? Beijos.
ResponderExcluirE tu ainda vem me dizer q n sabe escrever? Ou q n escreve bem? Achei o texto lindo meu amor. E a vida já criou um lindo romance pra nós dois <3
ResponderExcluir"Caraaaaaaaaca, fazia tempo que eu não lia um texto e pensava que eu poderia muito bem tê-lo escrito." Faço das palavras da Giulia, as minhas. Sou disso também, de criar histórias baseadas em personagens reais que nem conheço, mas imagino. Me vi também sendo a garota na última cadeira do ônibus sendo observada. Um beijo, querida, amo vir aqui. :*
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