Qualquer Título Serve

Era engraçada a maneira como ele me olhava, como se eu fosse transparente, pois parecia que ele conseguia enxergar através de mim. Ele podia me ouvir quando eu não falava nada. Entendia meu silêncio. Era como se ele pudesse sentir o que eu sentia e entendia mais de mim do que eu mesma. Ele cuidava de mim e sabia o momento certo para ir, para vim, para dizer "ei, você não está sozinha" com apenas um gesto. Foi ele quem parou a tempestade daqui de dentro. Mas eu o vi indo embora devagarzinho e não fiz nada. É, não fiz nada. Acho que é por isso que talvez ele nunca tenha tido noção do seu valor para mim. As nossas mãos escorregaram e ele foi indo, indo, o vento foi soprando, indo para longe de mim e eu apenas estendi a mão esperando que voltasse. Não corri, não gritei, não implorei. Eu já perdi tanta gente, tantas coisas, só não queria te perder também. É que eu tenho medo de ser feliz demais e você poderia ter me feito feliz demais. Eu me conformei em te perder antes de lutar. Acho que perdi as forças, não tenho mais garras. Eu só queria... Eu não sei. Hoje só quero chorar. Deitar a cabeça no travesseiro, ficar quietinha, em silêncio, enquanto os monstrinhos em minha cabeça fazem barulho. Não tenho nada a perder, tampouco imagino algo que possa ganhar. Vou deixar acontecer, talvez aconteça. Agora, só me restou escrever textos em primeira pessoa. O nós só existe no passado. Não quero pensar no que foi ou poderia ter sigo. Deixa assim como está, vou tentar viver na paz que eu sempre desejei. Longe de quem eu queria bem, longe de quem me fazia bem. Vou aprender a me erguer sozinha, vou viver nisso sozinha. Assim, nem subo nem desço, não foi isso que eu sempre quis? Sei lá, acho que tá tudo bem. Vai ficar tudo bem.

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