Somente só

Eu não posso ficar aqui nem um segundo a mais sem você. Tornou-se insuportável caminhar em uma estrada que esconde seu destino. Não é porque há sorrisos em meu rosto que não há lágrimas em meu coração. Não é porque sei me levantar sozinha, que não precise de uma mão para me apoiar. Não adianta e não me peça para aguentar nem uma gota a mais de todo esse drama. Quero fugir desse teatro obrigatório e torturante, tornou-se opcional para mim e eu decidi jogar-lhe um não, um não que pare com todo esse conjunto de ladeiras, um não que diga que tudo isso já bastou. Chega, chega de me fazer de brinquedo, chega de me pregar peças, não tem graça mais. Se eu não colocar um ponto final nessa história, todas as minhas vírgulas se tornarão interrogações. E respostas são difíceis de encontrar. Às vezes paro para não pensar, apenas olhar o céu acima de mim, distante, tão distante e intocável, mas se eu levantar as mãos é como se eu pudesse alcançar. O vento passa levando todas as minhas tristezas, e volta ainda mais forte para jogar o seu peso contra mim. Algumas nuvens mais próximas passam correndo, apressadas, como se pedisse licença, pois não pode ficar para o jantar. As mais distantes ficam ali, observando-me e me permitindo olha-las, alertando que, mesmo estando longe demais, elas não me deixarão sozinha. Eu queria pedir para que me levassem embora desse lugar desprezível, dessa estrada sem vida, mas ainda há uma luz que insiste em me iluminar nos dias quentes e noites frias. Mesmo não podendo tê-lo, sou feliz por ter um sol que é permanente. Ele é tão feliz que me faz querer sorrir. Mas eu lhe disse não também. Neguei as tristezas, e por consequência, bloqueei as felicidades. Me recuso a caminhar por essa estrada, mas se tenho que andar por um caminho obscuro, tenho que tornar-me escuridão.

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