"Não entendo porque me sinto tão culpado assim, como se estivesse te traindo. Pois, o que acaonteceria se você voltasse? E, de repente, me quiser novamente? Eu ainda sou seu. Pois, e se você chorar ao me ouvir falar que outro sorriso me encantou? Não aguentaria, não suportaria suas lágrimas caindo. Porém, e se... nada acontecer? E se você voltar e eu nada sentir? Ou você não vai voltar? Sei que não, mas deixe-me acreditar que sim."
Sobre a lua e outras coisas
A lua rotacionava ao longo da madrugada, do lado direito ao esquerdo da minha janela. Alguns dias, bem visível; alguns dias, invisível, mas sempre rotacionando, assim como aquele ponteiro menor. As horas iam morrendo ao longo da madrugada, eu vivia os seus segundos sentindo àquelas coisas inomináveis. Pela manhã, tentei nomeá-las no caminho do consultório, endereçando à minha amável analista. Treinei falar: nas noites, sinto “oco”, “abandono”, “vazio”, “medo”, “temor”, “inadequação”, “desespero”, “abandono”, “isolamento”. Quando ela abre a porta, pontualmente às 9h30, abandono todas as palavras ocas e inadequadas, desesperada pelo temor de que minha analista me abandone frustrada por eu não me curar jamais da minha melancólica repetição. Deixo isso para lá e relato as preocupações vazias de um cotidiano conturbado de episódios maníacos, onde sou explosiva – no intervalo das 8h às 22h. Após o dia, às 23h, retorno ao isolamento, junto à lua, com medo da noite que morre.
Simplesmente lindo. Belas palavras de uma doce ilusão de quando se parte um coração apaixonado.
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