Estou aqui há um bom tempo olhando para uma página em branco pensando em você e em tudo que estamos vivendo. Eu tenho tanta, mas tanta coisa para te dizer, tantos sentimentos, tantas culpas, tantos sorrisos e tantas lágrimas aqui dentro querendo sair, querendo ser livres. Mas eu estou me sentindo presa dentro de mim, como se alguém ruim estivesse prendendo quem eu realmente sou e estivesse fingindo ser alguém que eu nunca quis ser. E isso está me sufocando, isso está me matando, eu sou o meu mal e estou sendo o seu mal também. Eu acho que devemos ter um tempo de tudo, mas eu queria passar esse tempo ao seu lado, queria passar esse tempo só te observando, só te olhando, em silêncio ou até mesmo numa conversa imensa. Eu queria um pouco esquecer tudo o que está acontecendo e voar com você até a lua. Lembra que conseguíamos fazer isso? Eu sinto que ainda podemos, mas há um teto sobre nós querendo cair para nos esmagar e nos impedindo de ir até as estrelas. Vamos derrubá-lo antes que ele nos derrube. Eu sei que ainda podemos dar certo, só estamos confusos.
Sobre a lua e outras coisas
A lua rotacionava ao longo da madrugada, do lado direito ao esquerdo da minha janela. Alguns dias, bem visível; alguns dias, invisível, mas sempre rotacionando, assim como aquele ponteiro menor. As horas iam morrendo ao longo da madrugada, eu vivia os seus segundos sentindo àquelas coisas inomináveis. Pela manhã, tentei nomeá-las no caminho do consultório, endereçando à minha amável analista. Treinei falar: nas noites, sinto “oco”, “abandono”, “vazio”, “medo”, “temor”, “inadequação”, “desespero”, “abandono”, “isolamento”. Quando ela abre a porta, pontualmente às 9h30, abandono todas as palavras ocas e inadequadas, desesperada pelo temor de que minha analista me abandone frustrada por eu não me curar jamais da minha melancólica repetição. Deixo isso para lá e relato as preocupações vazias de um cotidiano conturbado de episódios maníacos, onde sou explosiva – no intervalo das 8h às 22h. Após o dia, às 23h, retorno ao isolamento, junto à lua, com medo da noite que morre.
texto tão verdadeiro.
ResponderExcluirSei o que é isso.
ás vezes acontece isso mesmo, mas temos que tentar, lutar; quem sabe a gente não ganha, não é mesmo?
blog lindo flor, parabéns.