Onde está você? Porque eu sinto a tua falta. Sei que foram meus atos e palavras cruéis que te fizeram partir e isso está me esmagando. Se houvesse uma forma de te trazer de volta, você sabe que eu faria qualquer coisa. Não tenho direito de te querer por perto, mas ainda assim te quero tanto e tanto. É torturante ficar sem saber nada de você, sem sequer saber se seu coraçãozinho ainda bate. Nem se bate por mim. Eu fiquei pensando por muitos dias coisas para te falar, organizando as palavras para não ficar como sempre, apenas falando: eu não sei, eu não queria. Mas agora tudo fugiu de mim. Isso me faz chorar. Eu quero muito te abraçar, acho que isso diria tudo e bastaria. Fico me perguntando o tempo todo o que tá acontecendo com o meu menininho, se você tá bem, se estão te ajudando, se estão cuidando de você, se você tá se cuidando e eu rezo para que tudo esteja indo bem e que você logo sorria de novo, porque o mundo fica um lugar mais bonito quando você sorrir e por isso ele anda tão triste. Não importa quantas vezes eu me desculpe, isso não vai fazer tudo voltar nem vai curar as suas feridas, mas eu sinto muito por tudo o que aconteceu e eu irei pagar por cada lágrima que te derramei, eu passarei cada dia com o peso do arrependimento me matando e a sua ausência tirando todo o sentido que ainda tinha. Eu continuarei rezando para que você esteja bem onde estiver e que te faça bem ficar longe de mim, mas que você possa voltar logo e eu possa te fazer se sentir vivo outra vez. Eu me sinto tão suja, eu estou com tanta vergonha de mim por tudo que te causei. Eu estou me odiando a cada dia com mais força e me desejando coisas ruins. Eu ainda não acredito que te afastei de mim. Eu não quero encarar essa realidade, não quero pensar que você está por ai e eu não estou ao seu lado. Eu tento fugir desses pensamentos, mas eu não consigo. Eu estou me tornando um monstro, sabia? E eu quero matar esse monstro. Eu te ligo e o celular está desligado. Olho a cada minuto o celular na esperança de ter algum sinal de você e nunca tem. Por favor, me dá ao menos um sinal, eu preciso, por favor. Me perdoa pelo o que eu fiz e pelo o que eu tô fazendo agora. Por favor, me perdoe. Fica bem, se cuida. Eu te amo eu te amo tanto eu te amo muito eu te amo de todas as formas e de todas as maneiras. Não deixa parar o coração que por tanto tempo foi meu e que acredito que ainda é.
Sobre a lua e outras coisas
A lua rotacionava ao longo da madrugada, do lado direito ao esquerdo da minha janela. Alguns dias, bem visível; alguns dias, invisível, mas sempre rotacionando, assim como aquele ponteiro menor. As horas iam morrendo ao longo da madrugada, eu vivia os seus segundos sentindo àquelas coisas inomináveis. Pela manhã, tentei nomeá-las no caminho do consultório, endereçando à minha amável analista. Treinei falar: nas noites, sinto “oco”, “abandono”, “vazio”, “medo”, “temor”, “inadequação”, “desespero”, “abandono”, “isolamento”. Quando ela abre a porta, pontualmente às 9h30, abandono todas as palavras ocas e inadequadas, desesperada pelo temor de que minha analista me abandone frustrada por eu não me curar jamais da minha melancólica repetição. Deixo isso para lá e relato as preocupações vazias de um cotidiano conturbado de episódios maníacos, onde sou explosiva – no intervalo das 8h às 22h. Após o dia, às 23h, retorno ao isolamento, junto à lua, com medo da noite que morre.
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