Eu vi minha vida se tornando um pesadelo cruel. Foi como se eu estivesse em uma sala, presa, as paredes aproximavam e eu estava ali no meio, pronta para ser esmagada. Só a sua presença me tiraria de toda aquela situação. Só você me bastaria. E sim, eu achei que você se importaria. Em meio a toda confusão, a multidão, um sorriso seu iria me salvar. Eu só queria um gesto de carinho. Qualquer coisa que me mostrasse que vale a pena seguir em frente. Eu te escrevi cartas e bilhetes, tentei chamar a sua atenção. Eu estive pensando se você ainda pensa em mim.
Sobre a lua e outras coisas
A lua rotacionava ao longo da madrugada, do lado direito ao esquerdo da minha janela. Alguns dias, bem visível; alguns dias, invisível, mas sempre rotacionando, assim como aquele ponteiro menor. As horas iam morrendo ao longo da madrugada, eu vivia os seus segundos sentindo àquelas coisas inomináveis. Pela manhã, tentei nomeá-las no caminho do consultório, endereçando à minha amável analista. Treinei falar: nas noites, sinto “oco”, “abandono”, “vazio”, “medo”, “temor”, “inadequação”, “desespero”, “abandono”, “isolamento”. Quando ela abre a porta, pontualmente às 9h30, abandono todas as palavras ocas e inadequadas, desesperada pelo temor de que minha analista me abandone frustrada por eu não me curar jamais da minha melancólica repetição. Deixo isso para lá e relato as preocupações vazias de um cotidiano conturbado de episódios maníacos, onde sou explosiva – no intervalo das 8h às 22h. Após o dia, às 23h, retorno ao isolamento, junto à lua, com medo da noite que morre.
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