Talvez o melhor jeito de suportar a ideia da morte seja sendo uma boa pessoa para aqueles que você ama, demonstrando todo o seu amor do melhor jeito possível, expressando e expressando sempre, amando. O amor é a resposta para muitas questões. E amar não para dentro, só na mente, mas externalizar!! Deixar que saibam! Não se trata de um desespero exaustivo de demonstrações de afets vazias, não se trata de encher o caminho de flores todos os dias para todo mundo que amamos, isso seria um absurdo. Mas ser uma boa pessoa e fazer o possível para deixar aqueles que você ama bem, cuidar deles com os pequenos detalhes, uma ligação no meio do dia, cuidando em pequenos detalhes, enfim... Não sei. São tantas coisas possíveis! A gente nunca, nunca vai ta preparado para a morte, para ver alguém morrer. Mas que pelo menos possamos ter a consciência limpa e permitir que, depois, o que reste seja a saudade... E não uma carga pesada de arrependimentos. Nada mais amargo que o arrependimento de não ter amado o suficiente...
Sobre a lua e outras coisas
A lua rotacionava ao longo da madrugada, do lado direito ao esquerdo da minha janela. Alguns dias, bem visível; alguns dias, invisível, mas sempre rotacionando, assim como aquele ponteiro menor. As horas iam morrendo ao longo da madrugada, eu vivia os seus segundos sentindo àquelas coisas inomináveis. Pela manhã, tentei nomeá-las no caminho do consultório, endereçando à minha amável analista. Treinei falar: nas noites, sinto “oco”, “abandono”, “vazio”, “medo”, “temor”, “inadequação”, “desespero”, “abandono”, “isolamento”. Quando ela abre a porta, pontualmente às 9h30, abandono todas as palavras ocas e inadequadas, desesperada pelo temor de que minha analista me abandone frustrada por eu não me curar jamais da minha melancólica repetição. Deixo isso para lá e relato as preocupações vazias de um cotidiano conturbado de episódios maníacos, onde sou explosiva – no intervalo das 8h às 22h. Após o dia, às 23h, retorno ao isolamento, junto à lua, com medo da noite que morre.
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